Internautas de diversas nacionalidades culpam brasileiros que foram à Ucrânia de forma voluntária para lutar contra os russos por facilitar ataques das tropas inimigas. Publicações em redes sociais exibindo as bases militares ucranianas teriam contribuído para o lançamento de mísseis pelas tropas russas, causando dezenas de mortes.
Para esses internautas, os brasileiros estariam mais interessados em se promover, com o exibicionismo nas redes sociais, do que em lutar.
“É incrível como são descuidados e estúpidos os ‘voluntários’ brasileiros na legião estrangeira. Outro mercenário, perto de Lviv, também mantém discretamente um perfil aberto no Instagram, encantando regularmente os assinantes com novas histórias”, escreveu, em inglês, o internauta identificado como Spriter.
Ele publicou imagens do perfil do Instagram de Leanderson Paulino, que tem mais de 41 mil seguidores e diz ser brasileiro. Ele também conta que foi policial penal e bombeiro em diferentes países. Além da conta aberta no Instagram, mantém canal no Youtube com vídeos dele na Ucrânia, sempre com uniforme militar, carregando ou desmontando e montando armas.
Não há comprovação que as publicações de brasileiros nas redes sociais contribuíram para as mortes, mas é fato que as forças russas lançaram vários ataques aéreos contra um centro de treinamento militar nos arredores da cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Polônia.
Brasileiro fez vídeo após fugir de ataque russo
Esta base concentrava voluntários e mercenários estrangeiros que se juntaram às forças ucranianas na luta contra as tropas russas. O grupo é chamado de Legião Internacional de Defesa do Território da Ucrânia.
Nas redes sociais, brasileiros disseram ter deixado a área militar na região de Lviv horas antes do bombardeio.
Fazia parte do grupo o instrutor de tiro Tiago Rossi, de Maringá, no Paraná. Ele disse em vídeo que teve de fugir após aviões russos atacarem integrantes da Legião Internacional. "Não imaginava o que era uma guerra”, afirmou o brasileiro na publicação.
"Lá (na base) tinha militares das forças especiais do mundo inteiro. As informações que a gente tem é que todo mundo morreu. Eles (russos) acabaram com tudo. Vocês não estão entendendo, acabou, acabou. A Legião foi exterminada de uma vez só. Eu não imaginava o que era uma guerra”, completou.
Até então, Rossi se vangloriava do fato de ter viajado até a Ucrânia para a luta armada. Ele virou notícia em sua cidade e em seu estado. Chegou a ser tratado como herói por seguidores nas redes sociais.
Muitos ucranianos fugiram para a relativa segurança de Lviv desde que a invasão russa de seu país começou, em fevereiro. A uma curta distância da Polônia, a cidade também é um centro de trânsito para quem sai da Ucrânia.