A Frota de Mar (esquadra) argentina farÁ uma significativa reduÇão da disponibilidade dos seus meios de superfÍcie na metade final da presente dÉcada.
Devido à crÔnica falta de recursos verificada nos últimos 20 anos na forÇa naval, e à consequente obsolescÊncia de vÁrios dos sistemas eletrÔnicos e de propulsão dos seus navios, os almirantes argentinos decidiram submeter 11 das suas principais unidades – cerca de 70% de toda a sua forÇa de combate – a trÊs diferentes programas de modernizaÇão.
Serão retirados da ativa para reformas o navio transporte de tropas ARA HÉrcules – fragata de procedÊncia inglesa convertida pelo estaleiro chileno ASMAR, em 2000, em navio porta-helicÓpteros –, os quatro destrÓieres classe Meko 360 e as seis corvetas classe Meko 140 – todas de desenho alemão.
Em razão desses desfalques temporÁrios, a frota platina perderÁ a capacidade de adestrar suas tripulaÇÕes na transferÊncia rÁpida de fuzileiros navais do mar para a terra – o que É feito, atualmente, com o embarque dos combatentes da Infantaria de Marinha em helicÓpteros de porte mÉdio estacionados no convoo doHÉrcules. A interrupÇão das comissÕes desse navio agravarÁ a situaÇão da forÇa naval no capÍtulo das operaÇÕes anfÍbias.
A Argentina não possui, nesse momento, nenhuma embarcaÇão apropriada para o desembarque de viaturas e fuzileiros, e tem recorrido à ajuda da Marinha do Brasil para manter seu adestramento nas manobras de abicagem na praia.
As simulaÇÕes de guerra em alto-mar tambÉm serão afetadas pelas diferentes modernizaÇÕes programadas, mas especialmente nos exercÍcios em conjunto com forÇas-tarefas estrangeiras os argentinos esperam poder substituir os navios de superfÍcie normalmente designados para essas ocasiÕes por um dos seus dois submarinos classe Thyssen 1.700, sediados na Base Naval de Mar Del Plata.
DivergÊncias entre o comando da Marinha platina e empresas alemãs (originadas pela falta de pagamento, no passado, de serviÇos prestados pelos europeus), levou os chefes navais sul-americanos a procurarem o governo francÊs, de forma a obter crÉdito para a remodelaÇão de destrÓieres e corvetas – tarefa que, de acordo com o planejamento original, ficarÁ a cargo dos grupos navais franceses DCNS (para os serviÇos de estaleiro) e Thales (para a modernizaÇão e integraÇão de componentes eletrÔnicos).
Os argentinos gostariam que as modernizaÇÕes ocorressem em seu territÓrio – as Meko 140 foram construÍdas nos Astilleros Rio Santiago (AFNE) –, mas isso ainda não estÁ definido – e nem parece ser o maior dos problemas. Resolvida a questão do financiamento, com o apoio (indispensÁvel) do governo de FranÇois Hollande, serÁ preciso examinar quais fornecedores europeus obterão autorizaÇão dos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido para fornecer seus equipamentos à Marinha argentina.
Em razão de sua polÍtica hostil à soberania inglesa nas Ilhas Malvinas, a República Argentina É considerada por Londres como paÍs vetado para o recebimento de armamentos e sistemas militares.
O que parece certo É que o transporte HÉrcules, de 4.000 toneladas, serÁ o primeiro barco a ser submetido ao processo de atualizaÇão, possivelmente no último trimestre deste ano. O transporte receberÁ um novo sistema de controle da propulsão, que incluirÁ equipamentos de monitoramento do funcionamento de suas mÁquinas.
Na Base Naval de Puerto Belgrano, o comando da Frota de Mar calculou que a modernizaÇão dos quatro destrÓieres e das seis corvetas possa ser realizada no prazo de cinco a sete anos. A ideia É que, a partir do inÍcio de 2015, a forÇa de superfÍcie argentina seja desfalcada de dois navios a cada ano.
Contudo, essa previsão sÓ tem chance de ser implementada caso o desembolso de recursos seja cumprido com rigor, e a verdade É que os entendimentos entre Buenos Aires e Paris sobre o assunto ainda nem comeÇaram.
Os almirantes argentinos prevÊem que os navios modernizados possam permanecer na ativa, pelo menos, atÉ o ano de 2035.
Fonte: Estadão