Como disse o colega Armando Vieira em outro post, é raro ler sobre a Marinha grega na WWII.
Fui dar uma olhada, e realmente não há tanta coisa, mas há algumas embarcações que se destacaram.
Cruzador Georgios Averof
Construido na Itália a pedido da Real Marinha Helênica, era uma versão modificada dos cruzadores da Classe Pisa.
Lançado ao mar em 1910, pesava 10.000 toneladas, media 140 metros e tinha uma largura de 21 metros. Capaz de uma velocidade máxima de 23,5 nós, levava uma tripulação de 670 marinheiros.
Seu armamento na época da WWII consistia de 2 torres duplas com canhões de 234 mm, 4 torres duplas de 190 mm, 8 canhões de 76 mm, e como armamento antiaéreo, mais 4 canhões de 76 mm e 6 canhões de 36 mm.
Em 1942
E com esquema de camuflagem Dazzle
Na manhã de 18 de Abril de 1941, depois do colapso do front grego-alemão, a tripulação desobedeceu a ordem de afundar o navio para evitar sua captura. Cortaram suas amarras, e escaparam do porto enquanto o comandante embarcava por uma escada de corda. Sob constante ameaça da Luftwaffe, que afundaria vários navios gregos durante a evacuação, navegou rumo a Baia de Suda, em Creta, depois para Alexandria, no Egito, onde chegou em 23 de Abril.
Foi considerado muito lento e com muito pouco armamento AA para operar com a Frota Combinada no Mediterrâneo, mas considerado adequado para escolta de comboios no Oceano Índico.
Nesse teatro, seu armamento e blindagem seriam superiores aos eventuais inimigos que encontrasse (corsários alemães, provavelmente), e com sua velocidade máxima reduzida a 12 nós, por conta de problemas em várias caldeiras, não teria problema para acompanhar lentos mercantes.
Mas veio a sofrer de uma série de problemas mecânicos, que o mantiveram em portos diversos, levando outros marinheiros a apelidarem-no de Georgios Never-off (Georgios Nunca-sai).
Seu maior mérito foi ser a nau capitânia do Marinha Helênica, e sob o comando do Captain Theodoros Koundouriotis , levou o governo grego do exílio para a liberada Atenas.
Foi descomissionado em 1952, e tornou-se um navio museu, atracado no porto de Palaio Faliro.
Destróier Vasilissa Olga
Foi o segundo e último destróier de sua classe construido para a Real Marinha Helênica na Inglaterra, antes da WWII.
Lançado ao mar em 01 de Fevereiro de 1937, media 97,5 metros, largura de 9,7 m, deslocava 1370 toneladas, tinha uma velocidade máxima de 36 nós, levava 162 tripulantes e era armado com 4 canhões de 127 mm, 4 canhões AA de 37 mm, 2 reparos duplos com metralhadoras de 12,7 mm, 2 lançadores quádruplos de torpedos e duas rampas para lançamento de cargas de profundidade.
Participou da guerra grego-italiana em 1940/41, escoltando comboios e atacando sem sucesso embarcações italianas no Mar Adriático.
Depois da invasão alemã em Abril de 41, escoltou comboios entre o Egito e a Grécia até que evacuou parte do governo grego para Creta mais trade nesse mesmo mês e chegou ao Egito em Maio.
Escoltou diversos comboios no Mediterrâneo pelos próximos meses até ser enviado para a Índia para uma modernização que terminou no começo de 1942, quando reassumiu suas funções de escolta no Mediterrâneo.
Em 14 de Dezembro de 42, operando com o destróier britânico HMS Petard, forçaram o submarino italiano Uarsciesk a emergir próximo a Malta. A tripulação italiana não conseguiu afundar o sub, que foi então rebocado pelo Vasilissa Olga, mas que devido as más condições do tempo, acabou afundando.
O Petard
O Uarsciesk
Participou das Operações Husky (invasão da Sicília) e Avalanche (invasão da Itáila). Foi transferido para o Mediterrâneo Oriental para auxiliar na Campanha do Dodecanaso, onde foi afundado depois de ser atacado por um Junker Ju-88, pertencente ao Lehrgeschwader 1, em 26 de Setembro, com a perda de 72 marinheiros.
Destróier Adrias
Era um destóier da Classe Hunt, Type III, originalmente construido para a Marinha Real Britânica, mas que nunca foi comissionado, sendo repassado para a Marinha Helênica para repor as pesadas perdas sofridas durante a invasão alemã.
Foi comissionado para a Marinha Helênica em 20 de Julho de 42, e seguiu para o Mediterrâneo para missões de escolta.
Deslocava 1000 toneladas, media 85,3 m, com uma largura de 11,4 m. Sua velocidade máxima era de 26 nós, com uma tripulação de 170 marinheiros, e era armado com duas torres duplas com canhões de 100 mm, um QF-2 Pounder AA quádruplo de 40 mm, 3 canhões AA de 20 mm, 2 tubos de torpedos de 533 mm e uma rampa de lançamento para cargas de profundidade.
O pom-pom quádruplo
Em 27 de Janeiro de 43, foi creditado com o possível afundamento do U-553.
Durante a mesma patrulha, em 13 de Fevereiro, afundou ou danificou seriamente o U-623.
Tomou parte em numerosas escoltas de comboio, bem como das operações de desembarque na Sicília, onde na noite de 23 de Julho, junto com o destróier britânico HMS Quantock, enfrentou 3 lanchas torpedeiras alemãs, e afundou duas delas. Em 20 de Setembro de 43, representou a Grécia quando uma força de 4 navio aliados aceitou a rendição do contingente italiano da Regia Marina ao largo de Taranto.
Em 22 de Outubro de 43, enquanto em operações no Dodecanaso, junto com o HMS Hurworth, perto da ilha de Kalymnos, o Adrias atingiu uma mina.
A explosão arrancou sua proa, e o comandante da Flotilha, a bordo do Hurworth, ordenou que abandonassem o navio, mas ele mesmo, enquanto rumava para o Adria para resgatar os marinheiroa, atingiu outra mina, afundando rapidamente, levando 143 tripulantes junto.
Apesar do danos sofridos, o Adria resgatou os sobreviventes do Hurworth (incluindo o Comandante da Flotilha), e conseguiu chegar a costa da neutra Turquia, com 21 de seus marinheiros mortos e 30 feridos. Depois de alguns reparos rápidos, partiu para Alexandria em 01 de Dezembro, apesar da ausência da sua proa!
Depois de uma viagem de 730 milhas náuticas (1350 km), sendo 300 ao alcance dos Ju-88 alemães, e para evitar ao máximo, navegava apenas a noite, apesar de sua limitada manobrabilidade, chegando a Alexandria em 06 de Dezembro, dia São Nicholas, patrono dos marinheiros, onde foi entusiasticamente recebida por marinheiros da Royal Navy e de outras forças.
Esse feito foi considerado um brilhante exemplo de habilidade náutica, e uma injeção de moral e tanto para a Marinha Helênica e outras marinhas aliadas.
Depois da libertação da Grécia, com sua proa com um conserto provisório, chegou ao porto de Faleiro, e com o fim da guerra, nunca foi devidamente consertado, sendo enviado novamente para a Inglaterra, onde acabou sendo vendido como sucata.
O Adrias, no porto de Alexandria!