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O navio oceanogrÁfico Alpha Crucis, da USP, que custou aos cofres públicos por volta de R$ 23 milhÕes hÁ mais de dois anos, estÁ parado faz seis meses no porto de Santos, litoral paulista. Com verba tanto da Fapesp (FundaÇão de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) quanto da USP (Universidade de São Paulo), o navio precisa de mais R$ 2,6 milhÕes para voltar ao mar e cumprir sua funÇão vital para a oceanografia nacional.

 

No total, a USP investiu quase R$ 9 milhÕes na compra, reforma e instalaÇão de equipamentos cientÍficos no navio, fabricado em 1973. A USP comprou a embarcaÇão da Universidade do HavaÍ. Mesmo com o navio parado, a USP gasta tambÉm cerca de R$ 250 mil por mÊs com a tripulaÇão. TÉcnicos que conhecem o interior do navio afirmam que existem problemas em Áreas vitais dele, como nos tanques de combustÍvel. Por isso, seria necessÁria uma nova reforma na embarcaÇão, que consumiria mais dinheiro.

 

A direÇão do Instituto OceanogrÁfico da USP, responsÁvel pela administraÇão do navio, nega que haja avarias, mas admite que o Alpha Crucis estÁ parado hÁ mais tempo do que deveria e diz que o problema É de ordem burocrÁtica e financeira. Como É praxe em navios grandes –o Alpha Crucis tem 50 metros de comprimento–, a cada cinco anos ele precisa passar por uma vistoria de uma empresa autorizada a dar a certificaÇão de seguranÇa da embarcaÇão. Como isso exige que o navio seja levado a um estaleiro, o instituto precisa abrir uma licitaÇão e obter recursos para fazer a inspeÇão.

 

“É uma vistoria, e não uma reforma. NÓs comeÇamos esse processo em julho de 2013. Tivemos que elaborar o edital, fazer pesquisa de preÇos que demorou seis meses por causa dos fornecedores e enviar dois pareceres para a Procuradoria-Geral”, afirma Michel Mahiques, professor e vice-diretor do instituto responsÁvel pelo navio. Segundo ele, o edital deve ser publicado nesta semana e o navio deve estar liberado para navegar em agosto.

 

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A troca recente de reitores na USP (João Grandino Rodas, que assinou a compra do navio, deixou o cargo no fim do ano para que Marco Antonio Zago assumisse) e a crise financeira da instituiÇão atrapalharam a liberaÇão de recursos para a vistoria, afirma Mahiques. Ele nega que houve uso inadequado do dinheiro. “O Alpha Crucis foi a melhor relaÇão custo benefÍcio depois de investigar 19 navios”, afirma o cientista.

 

Enquanto esteve funcionando, afirma Mahiques, o Alpha Crucis permitiu que a ciÊncia brasileira rompesse barreiras importantes do ponto de vista cientÍfico. “Apenas os dados de um único cruzeiro meu estão sendo suficientes para dois pÓs-doutorados, cinco doutorados e pelo menos oito mestrados”, diz Mahiques.

 

FONTE: Folha de S.Paulo

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Seguem mais algumas informações sobre a embarcação.

 

Com 64 metros de comprimento por 11 metros de largura, o navio tem capacidade para levar 20 pesquisadores – além de cerca de 20 tripulantes – e pode deslocar 972 toneladas. O custo total da embarcação, incluindo a reforma, foi de US$ 11 milhões.

 

“O Alpha Crucis possui equipamentos modernos como um sistema de posicionamento dinâmico – que permite manter a posição em estações oceanográficas –, perfilador de subfundo, dois perfilhadores de corrente, ecointegrador, guinchos e guindastes apropriados para diversas tarefas e mais de 100 metros quadrados de laboratórios”, contou Mahiques.

 

De acordo com o pesquisador-chefe do navio, Luiz Vianna Nonnato, o navio é equipado com um sonar multifeixe. “É um equipamento fantástico, que permite produzir um mapa tridimensional do fundo do oceano. Conforme a navegação avança, o aparelho lê o relevo do fundo, em tempo real, em uma faixa ao redor do navio”, explicou.

 

A manutenção do navio terá uma atenção especial. “Um dos problemas do Professor Besnard é que ele não teve manutenção adequada. Um dos pressupostos da FAPESP para a aquisição do navio foi que nos comprometêssemos a cuidar do Alpha Crucis com todo o rigor. A manutenção de um navio é algo muito dispendioso. Temos a expectativa de que vamos trabalhar com ele por muitos anos”, disse.

 

Nonnato afirmou que o custo de operação do navio varia entre US$ 20 mil e US$ 30 mil por dia. O seguro e o combustível – cerca de 10 mil litros por dia em média quando em navegação – estão entre os itens mais dispendiosos. “Mesmo quando está docado, isto é, colocado em dique seco, os custos são altos”, disse.

 

Uma das vantagens do Alpha Crucis, segundo Nonnato, é que se trata de um navio de uso geral projetado especialmente para o uso em pesquisa oceanográfica.

 

“Podemos trabalhar com pesca, com petróleo ou com meio ambiente, por exemplo. Os laboratórios permitem que várias equipes trabalhem simultaneamente em diferentes projetos, otimizando o uso do navio. Outro ponto positivo é que o navio já foi amplamente testado na pesquisa oceanográfica. O projeto do Alpha Crucis é excepcionalmente bom. Além disso, o navio foi muito bem mantido e muito bem reformado”, afirmou.

Se não me engano, á época, um navio novo custaria em torno de US$ 30 milhões, enquanto o Alpha Crucis custou US$ 11 milhões.  Esta diferença de US$ 19 milhões poderia compensar....mas parece que não....que pena. 

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