Já assisti filmes biográficos sobre Churchill, Greta Garbo, Lady Diana Spencer, Cole Porter, Johnny Cash, Hitler, John e Robert Kennedy, Ernest Hemingway, Grace Kelly, Stalin e muitos outros personagens da História. Alguns dos atores e atrizes que os representaram não tinham nenhuma semelhança física com eles, mas mesmo assim, aceitamos e gostamos do filme, em nome de uma coisa chamada liberdade artística.
Nós, plastimodelistas, em geral, porém, queremos para montar, kits 100% iguais ao 1:1.
Se não tem aquela sequência de parafusos na parte interior do cockpit do F-15, escala 1/144, da Força Aérea da Jordânia, se a lagarta do Stug III Ausf B não tiver a caída adequada sobre o terceiro rolete, se o chassi do Ford 39 não estiver com o suporte adequado do motor, se o canhão antiaéreo da segunda ala de bombordo do Yamato, escala 1/700, não estiver na proporção certa, se a torre do Tiger I estiver diminuída 0,01mm no lado direito, em baixo, entramos em crise e em depressão.
Vemos nas revistas especializadas o estímulo desavergonhado, canalha, desbragado ao consumo de material periférico para “melhorar” o kit comprado.
A publicação dessa matéria institucional New Kits With Flaws demonstra quão profundo é o relacionamento incestuoso entre fabricantes, autores e publicações. E o editor da revista ainda acrescenta que Dave graciously granted permission for us to reprint this piece. Ah, como o Dave é bonzinho!!!!!!!!!!!!!
Voltando, foi pela vertente da transformação de desejos em necessidades que fabricantes de kits e PEs em conluio entraram.
Aproveitaram-se do envelhecimento do plastimodelista típico comdiminuição da estima e a busca de autoafirmação, sua condição econômica melhor (lá fora, não necessariamente aqui), mais tempo e mais algumas coisas e ficaram estabelecidas as razões para tantos kits “errados” e cada vez mais caros.
O que mais me irrita nisso tudo é que o prazer, a criatividade fica de lado, enquanto cada vez mais plastimodelistas buscam em inúteis réplicas uma satisfação que só gera insatisfação.
Vejam nas fotos abaixo de um SU-85 de 1972($13,46) e um de 2009($20,93). Ao segundo foi acrescentado um grupo de figuras e um kit de pasteis. Grandes diferenças, não?
É assim que os preços sobem com modelos praticamente idênticos, deixando sempre “falhas” para serem corrigidas pelos fabricantes de PEs
Assim os Verlindens, Eduards e outros vão enriquecendo, enquanto as pessoas que os sustentam ficam cada mais infelizes com seus modelos de $50,00, para os quais gastaram $150,00.
Vejo companheiros aos quais respeito, querendo fotos, material de referência para corroborar suas montagens, principalmente na parte da pintura.
Abaixo, dois M-113 da Tamiya, um ACAV (d), sem a estação de metralhadora, com 22 anos de montagem, wash feito, e outro em montagem, ambos pintados com Olive Drab, da Tamiya. Vejam a diferença de tonalidade.
Vejam que a Tamiya (e os demais fabricantes estão na mesma linha) não está nem aí para a nossa preocupação de precisão, fidelidade ao 1:1. O que ela quer é vender cada vez mais kits, com lucro cada vez maior.
Eu poderia continuar a escrever sobre tintas, ferramentas, acessórios, revistas, pincéis, escalas, PEs , mas fico por aqui.
O meu conselho final é esqueçam fidelidades, réplicas.
Montem os seus kits para a sua alegria, seu prazer, sua felicidade.
Pois se tiverem alegria, prazer, felicidade serão pessoas melhores, para si e para os outros.
Um grande abraço a todos e um ótimo fim de ano.