Os problemas sérios não é com o Gripen, e sim, com o braziu...
Seção frontal de um caça Gripen; aeronave foi considerada pelo ministro da Defesa do Brasil como programa estratégico a ser mantido
Roberto Lopes
Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, informou pessoalmente aos três comandantes militares, na semana passada, que o corte no orçamento de sua Pasta deverá ser de até 50%.
O contingenciamento das verbas será feito pela chamada Junta Orçamentária, que estuda o ajuste fiscal considerado imprescindível pela área econômica do governo. A Junta é composta pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil da Presidência da República.
De acordo com um relato dessa reunião obtido pelo Poder Aéreo, Wagner forneceu um detalhe que assustou seus interlocutores.
Ele revelou que tentará manter em sua integralidade, pelo menos, os recursos reservados aos programas considerados (ou que ele considera) mais estratégicos para o país, mencionando – apenas – “o PROSUB” (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), que cuida da construção, em Itaguaí (RJ), dos navios classe Scorpene, e “o F-X2” – referência ao projeto de aquisição pela Força Aérea Brasileira (FAB) de 36 caças suecos Gripen NG.
No Ministério da Defesa restaram, depois desse encontro, muitas dúvidas.
Blindado Guarani: despriorizado?
O fato de o ministro não ter citado o PROSUPER (Programa de Obtenção de Meios de Superfície), o jato cargueiro Embraer KC-390 e o (blindado sobre rodas) Guarani entre os chamados programas “mais estratégicos” quer dizer que esses projetos serão paralisados. Ou será que tudo não passou de um lapso de memória do ministro?
Defesa Aérea – Nos últimos dias, os comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, e da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, já haviam sido notificados por seus assessores de que a falta de recursos ameaça diretamente o prosseguimento dos diversos programas de modernização das aeronaves que constituem o escudo de Defesa Aérea do país.
A-1M do Esquadrão Adelphi, sediado na base aérea de Santa Cruz (RJ)
Dos 45 jatos de ataque A-1, da FAB, só três puderam ser atualizados, até agora, para o padrão A-1M.
A primeira e mais extensa etapa do programa de modernização dos caças F-5E – referente a 46 aeronaves – ficou pronto há algum tempo, mas resta concluir o serviço em um lote de 11 aeronaves – oito monoplaces e três biplaces – recebidas dos estoques da Força Aérea Jordaniana.
Esses aviões receberão o radar Grifo, mostradores digitais multifuncionais a cores e um novo HUD holográfico, além de uma suíte de contramedidas eletrônicas (para despistar mísseis inimigos), computadores de missão e sistema OBOGS, de geração de oxigênio a bordo.
Nas instalações da Embraer no município de Gavião Peixoto (SP), estão armazenadas 12 células de caças-bombardeiros AF-1 (A-4K/KU Skyhawk) do Esquadrão VF-1 Falcão, da Marinha, à espera de uma remodelação a cargo da companhia paulista. A primeira aeronave deveria ser entregue até o fim deste ano, mas isso, hoje, é incerto.
Células de AF-1 armazenadas em Gavião Peixoto (SP). A foto é de novembro de 2014
O Poder Aéreo apurou que a FAB está inclinada a modernizar um número menor de jatos A-1. Todas essas notícias ruins referentes à modernização dos aviões de combate vão representar perda de receita para a Embraer, e, de forma inexorável, impactar negativamente os resultados financeiros da empresa.
Na Marinha a tendência, no período 2015/2016, é transferir para a reserva (desativar) um número maior de navios, como forma de alavancar uma economia nos gastos de manutenção com as unidades da Esquadra. Providência essa que poderá alcançar, até mesmo, a flotilha da Força de Submarinos.
KC-390: prejuízo para a Embraer?