Acho que todo consumidor tem o direito de reclamar quando alguém lhe entrega um produto fora das especificações. Reconheço a dificuldade de uma empresa em levantar todos os detalhes de um avião, lançar em um programa específico, elaborar matrizes, injetar, enfim, mas se já está se fazendo um trabalho de pesquisa nesse sentido, qual o sentido, então, de se fazer errado? A menos que não se tenham acesso aos dados necessários para tanto, nenhum.
Acho, por outro lado também, uma neura sem sentido o tanto de discussão que se gera sobre um modelo ou outro e sobre como alterar. Se não está a contento basta não comprar e pronto, ai o fabricante acorda e vê o que fez de errado.
É muito comum também ver exageros dos modelistas no meu modo de pensar. Um kit que vem com rebites ou linhas em alto relevo tem que ser lixado, rebaixado, linhas reescritas, enfim. Desde que me conheço por gente nunca vi um avião com rebites em baixo relevo, cheios de sujeira nos buracos desses rebites como alguns fazem em seu envelhecimento na montagem, linhas profundas. Quando fui ao Museu da TAM fiz questão de bater fotos de um Mig-21 que lá se encontra e que dá pra se ver em destaque o encontro das linhas de chapa em muito bom alto relevo, cala a boca de qualquer modelista purista e contador de rebites.
Mais exagerado ainda é ver modelistas discutindo se um tanque está sujo ou pouco sujo, se está com a cor da lama destoando da cor do solo europeu após o inverno de 1.943 sem ter estado lá e acreditando apenas em foto ou em sua genialidade. Se um P-"raio que o parta" está com uma cor dois tons acima do FS-44.482.323,50, já que ele viu duas fotos em preto e branco num livro editado em 1.956 e garante que a cor correta era essa, com o detalhe do avião ter sido abatido e não existir mais para se poder comprovar. Isso é neurose, nada a ver com o prazer de montar, e ainda se valem do argumento de que o modelista deve representar fielmente o objeto, o mesmo objeto que nem ele é capaz de garantir com precisão como era e nunca viu um de perto. É a base para aquelas discussões ridículas e sem noção que vemos sempre após um Open em que iluminados se julgam preteridos pelos juízes.
Enfim penso o seguinte: sobre o 109, por exemplo, existem 1.927,38 kits no mercado de fabricantes diferentes sempre do mesmo modelo. Compre-se o que está mais correto, evite-se o errado ou conviva com isso, ninguém lhe obriga a comprar o que não quer, e se quiser e resolver alterá-lo, faça sem reclamar, outros tem no mercado para escolher. Sobre o Super Tucano, se for o único no mercado ou se compra, aceita o que foi feito ou altera ao seu bel prazer ou não se compra, pronto. Pode-se ainda tentar fazer um melhor, um de resina, em vaccum forming e lançar no mercado, oras. Acho que discutir-se sobre erros num avião desses, que é único, como fim de ajudar os colegas a corrigir falhas pequenas é salutar, agora criticar o fabricante de forma jocosa e desmerecer todo o seu trabalho ou é querer aparecer ou vontade de fazer um melhor. Pra tudo existem as correções, os melhoramentos em resina (São Fábio Duarte que nos proteja) e por ai vai, nada que possa impedir que STs maravilhosos sejam montados com as folhas do FCM e mostrados nos Opens mundo afora.
É minha opinião, e que venham as pedras.
Abraços.