Veículos de difícil detecção carregarão novos mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs). Iniciativa é vista como resposta para implantação de escudo dos EUA na Europa.
A Rússia está retomando a produção de trens militares com mísseis, que portarão o sistema Barguzin. O novo sistema de mísseis baseados em ferrovias será equipado com seis mísseis e não entrará nas Forças Armadas antes de 2020.
Entre seus componentes haverá mísseis de múltiplas ogivas MS-26 Rubej, que são mais leves e mais difíceis de identificar, mas não menos eficientes que os Molodets, usados pelas Forças de Mísseis Estratégicos da URSS e depois da Rússia, entre 1984 e 2007.
A decisão russa, anunciada pelo coronel-general Serguêi Karakaiev, comandante das Forças de Mísseis Estratégicos do país, foi interpretada como mais uma resposta à implantação do sistema de defesa de mísseis dos EUA na Romênia.
Visto como ameaça à segurança nacional por Moscou, o escudo norte-americano é capaz de lançar mísseis de cruzeiro de longo alcance Tomahawk, além de interceptores.
Os militares russos garantiram ainda que o novo sistema Barguzin não entra em conflito com as obrigações da Rússia sob o tratado Start, que prevê até 2018 a redução em um terço do arsenal de ogivas nucleares posicionadas e de reserva tanto na Rússia, como nos Estados Unidos.
Os EUA foram os primeiros a criar o primeiro sistema de mísseis baseado em trens, na década de 1960. Mas Washington desistiu da ideia uma vez que a rede ferroviária dos Estados Unidos não era tão ampla como na Rússia, por exemplo, e o custo de um trem com mísseis era muito maior do que os silos para mísseis Minuteman.
De acordo com relatório divulgado pelo departamento de Estado norte-americano, o arsenal russo totalizava 521 mísseis estratégicos em 1º de abril de 2016.
Mísseis sobre trilhos
As Forças de Mísseis Estratégicos da URSS e depois da Rússia contavam, entre 1984 e 2007, com três divisões de sistemas de mísseis sobre trilhos – quarto regimentos em cada e 12 trens transportando três mísseis estratégicos Molodets.
Até o início da década de 1990, esses trens partiam de pontos em Kostroma, a 320 quilômetros a nordeste de Moscou, e Penza, mais de 600 km ao sudeste de Moscou, bem como da região siberiana de Krasnoiarsk.
Um acordo entre o líder soviético Mikhail Gorbatchov e a a então ministra britânica Margaret Thatcher fez com que os trens de mísseis fossem imobilizados, sem que pudessem deixar suas regiões de implantação. Em 2007, foram completamente retirados de serviço.
Descontinuados
Os mísseis de combustível sólido Molodets eram produzidos pela Usina Mecânica de Pavlograd, na Ucrânia, então parte da União Soviética, e não tinham uma vida útil muito longa.
Após a queda da URSS e a assinatura do tratado Start I pela Ucrânia em 1992, Kiev ficou proibida de produzir mísseis estratégicos. Além disso, os trens de mísseis eram muito pesados (apenas um míssil pesava mais de 110 toneladas), que exigia três locomotivas para puxá-los.
Embora os sistemas de mísseis implantados em trens fossem iguais aos trens refrigerados convencionais quando vistos a partir do chão, a situação era diferente quando observados do espaço: nenhum outro trem de mercadoria tinha três locomotivas a diesel ou elétricas.
Lançador do míssil Molodets.